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15 de outubro de 2010

A Agropecuária no Brasil

A Agropecuária no Brasil

A atividade da agropecuária pertence ao setor primário da economia.

Apesar de não ser mais a atividade de maior importância na economia brasileira continua se destacando pela significativa participação em nosso comércio exterior, pelo emprego de aproximadamente 1/5 da PEA, pela produção de alimentos para uma população numerosa (com uma parcela que, infelizmente, não possui renda suficiente para um bom padrão alimentar) e pela produção de matérias-primas para vários setores industriais e energéticos.

O Brasil possui um extenso território com relativa variedade de climas, predominantemente quentes, que nos permite o cultivo de quase todos os

produtos em larga escala. Há dificuldades em se obter uma grande produção de gêneros de climas de temperaturas moderadas com custos aceitáveis.

Enfrentamos problemas de geadas no Sul e Sudeste durante o inverno, inundações de verão em algumas porções do território nacional e secas prolongadas especialmente no Sertão. Mas, de uma maneira geral, não temos grandes problemas climáticos que nos impeça a prática agrícola.

Encontramos vários tipos de solos no país, alguns de grande fertilidade como a terra-roxa, o massapé e o solo de várzea ou aluvial. Mas, em muitas áreas do território brasileiro, os solos possuem baixa fertilidade ou problemas como acidez elevada. Muitos solos do país, para produzirem satisfatoriamente, necessitam da aplicação de adubos, corretivos químicos e fertilizantes. Alguns problemas específicos também afetam os solos do Brasil:

*lixiviação – constitui no empobrecimento dos solos em regiões de climas muito úmidos com chuvas freqüentes que através do escoamento superficial retiram o material fértil do solo;

*laterização – constitui na formação de uma crosta ferruginosa endurecida próxima à superfície do solo pela concentração de óxidos de ferro e alumínio.

Ocorre em áreas de clima tropical em que se alternam uma estação chuvosa (dissolução desses óxidos) e seca (quando esse material se acumula próximo à  superfície e forma a crosta).

*erosão e esgotamento do solo – provoca a destruição física do solo e a perda de sua qualidade. Quando desprotegido, pela retirada da vegetação, acentua-se esse processo, retirando-se as partículas que formam o solo, seus constituintes minerais e orgânicos. Quando em estágio avançado provoca a formação de sulcos profundos denominados voçorocas. É causado pela ação do clima, em áreas com chuvas intensas. Mas é agravado pelo uso de técnicas agropecuárias incorretas, predatórias e prejudiciais ao solo: desmatamento (especialmente junto às margens dos rios), monocultura sem os cuidados necessários (reposição do material fértil ao solo), cultivo seguindo a mesma linha do declive do terreno (sem a aplicação das curvas de nível e/ou terraceamento), excesso de animais sobre o solo e excesso de peso sobre o mesmo.

Os solos constituem um importante recurso natural que deve ser preservado através de técnicas conservacionistas. A recuperação de um solo pode ser demorada e muito cara. Infelizmente, grandes parcelas de solo são sistematicamente destruídas em todo o mundo. Em algumas áreas o processo de desertificação avança sobre áreas que antes produziam alimentos (ex: sahel, na África).

Sistemas de produção na agricultura.

A agricultura pode ser praticada de diversas formas com um conjunto de características que passamos a apresentar a seguir:



Sistema extensivo

técnicas simples

mão-de-obra desqualificada

abundância de terras

baixa produtividade

rápido esgotamento dos solos

Esse sistema é característico de regiões com grandes extensões de terras vazias e de menor grau de desenvolvimento. Nele podemos incluir uma simples roça (como na Amazônia, entre caboclos e indígenas), com procedimentos muito simples e de caráter itinerante: retira-se uma porção da mata, realiza-se uma queimada para limpeza do terreno, misturam-se as cinzas ao solo e se realiza uma monocultura sem maiores cuidados por um breve período de dois a três anos, quando então o solo se esgota e parte-se para outra área, realizando-se o mesmo procedimento.

 
Sistema intensivo

técnicas modernas

mão-de-obra qualificada

terras exíguas

alta produtividade

conservação dos solos

É um sistema característico de regiões de maior desenvolvimento, geralmente com maior ocupação humana e com o uso de pequenas e médias propriedades, especialmente produzindo para abastecimento do mercado interno. São comuns a prática da policultura e pecuária leiteira através desse sistema.



Plantation

grandes áreas

técnicas modernas

muita mão-de-obra

elevada produtividade

monocultura

agroindústria/exportação

Esse sistema passou a ocupar grandes áreas em países subdesenvolvidos ocupando seus melhores solos. Está principalmente voltada para o mercado externo. Aplica a mecanização quando possível (lembre-se que não é todo cultivo que permite mecanização). Mesmo assim utiliza muita mão-de-obra (trabalha com propriedades, por vezes, com milhares de hectares de extensão), principalmente temporária (o bóia-fria ou trabalhador volante), bem como o serviço de técnicos agrícolas e agrônomos.

Sistemas de produção na pecuária Podemos também pensar nas características dos sistemas de criação de animais que lembram muito as características acima citadas.

Sistema Extensivo

grandes propriedades

gado criado a solta

sem cuidados veterinários

raças simples

uso de pastagens naturais

baixa qualidade e produtividade

destinado ao corte

Sistema Intensivo

Pequenas e médias propriedades

Criação confinada em estábulos ou currais

Cuidados veterinários

Raças selecionadas e aprimoradas

Uso de pastagens cultivadas

Rações balanceadas

Alta qualidade e produtividade

Destinado à produção de leite

Evidentemente essa classificação e características são de natureza bem didática, mas na prática é muito comum que se combinem características dos dois sistemas e, com a modernização progressiva e exigências cada vez maiores do mercado, observa-se uma rápida evolução qualitativa nas técnicas de criação. Os pecuaristas têm se preocupado em acompanhar as tendências desse mercado muito competitivo.

 
Formas de exploração da terra

As propriedades agropecuárias podem ser exploradas diretamente pelo proprietário ou indiretamente pelo:

 
*parceiro ou meeiro – aquele que utiliza as terras do proprietário e divide com este a produção obtida;

*arrendatário – aquele que paga um aluguel ao proprietário pelo uso da terra;

*posseiro – aquele que utiliza terras que encontra vazias para uma produção de subsistência. Ocupa terras que não são suas, é o ocupante;

*grileiro – falsifica títulos de propriedade e vende terras que também não são suas

Problemas enfrentados pela agropecuária no Brasil:

 
*reduzido aproveitamento dos espaços disponíveis – muitas terras no Brasil não apresentam qualquer forma de utilização. Parte do crescimento de nossas safras agrícolas tem dependido da incorporação de novos espaços a esse setor produtivo mas ainda podemos ampliar e muito o espaço agrícola do país;

 
*baixo nível de instrução e cultura do agricultor – grande parte dos que trabalham na terra tem um nível de instrução muito baixo, ou são mesmo analfabetos. Melhorar o padrão de cultura da população é importante e, no caso do agricultor é necessário que ele possa evoluir também em seus conhecimentos técnicos para que deixe de utilizar técnicas antiquadas que contribuem para a baixa produtividade e desgaste do solo;

*nível de mecanização – o avanço da mecanização na agricultura vem ocorrendo especialmente no Centro-Sul do país. A mecanização e o uso de técnicas modernas permite um aumento da produtividade. A sua aplicação indiscriminada, irracional, traz problemas como um desemprego acelerado no campo e até mesmo intensificação da erosão do solo. Deve ser introduzida de maneira planejada e deve ser estimulada como uma forma de permitir ao produtor a competitividade para sobreviver no mercado;

*crédito rural e preços mínimos – para que o agricultor possa produzir ele precisa de uma linha de financiamentos, com juros reduzidos, para fazer frente aos gastos tanto no plantio (sementes, adubos, fertilizantes, equipamentos de irrigação, ferramentas, mão-de-obra) como na colheita (máquinas, combustível, mão-de-obra, embalagens, estocagem e transporte).

Historicamente, no Brasil, o volume de recursos à disposição para o agricultor não tem conseguido atender a todos e muitas vezes foi mal distribuído e desviado de suas reais finalidades (construção de hotéis-fazenda, piscinas em mansões rurais...). Na última década o Brasil conseguiu evoluir nessa questão e além disso tem aumentado o percentual de agricultores capitalizados o suficiente para bancar seu próprio empreendimento. A adoção de uma política de preços mínimos, justa, traz segurança e tranqüilidade ao produtor, desde que não se concentre apenas em uma prática de subsídios que onerem o Estado e dificulte a capacidade de evolução da competitividade da agropecuária brasileira (como ocorre em países europeus).

 
*armazenamento e transporte - a safra agrícola tem conseguido recordes de produção. Mas ainda permanecem problemas na armazenagem (deficiente e/ou insuficiente, com falta de silos e armazéns, muitas vezes inapropriados para guardar a safra) e no transporte inadequado, o que leva a perdas significativas da colheita e a prejuízos ao agricultor. Caso ele tivesse acesso a uma capacidade maior de armazenagem, não precisaria escoar toda a sua produção imediatamente para o mercado e poderia conseguir um melhor preço posteriormente.

*distribuição de terras – historicamente o modelo econômico adotado pelo Brasil e as legislações criadas favoreceram a formação de grandes propriedades através de um processo de concentração de terras. Nas últimas décadas a continuidade desse processo associado à modernização agrícola (expansão da mecanização) e à pressão por uma agricultura cada vez mais capitalizada expulsou muitos trabalhadores do campo que se dirigiram para as cidades no movimento migratório do êxodo rural. Os que permaneceram no campo engrossaram movimentos sociais, organizados ou não, multiplicando-se casos de invasões de propriedades, conflitos e mortes nas áreas rurais. A grilagem de terras contribuiu para agravar a revolta social no campo brasileiro, assim como a presença de posseiros preocupados com sua sobrevivência e de sua família. A formação de grupos armados por fazendeiros para proteção de suas terras (legais ou griladas) e a expansão das fronteiras agrícolas brasileiras contribuíram para definir um quadro de violência e ilegalidade nas áreas rurais, incluindo-se aí a invasão de terras indígenas, muitas vezes massacrados na luta com os brancos. Juntam-se a todos esses atores alguns setores progressistas da Igreja e grupos políticos ideologicamente de uma esquerda mais radical (revolucionários) que também defendem seus pontos de vista e interferem na questão.

Assim, a necessidade pela execução de uma reforma agrária no país foi se tornando urgente e inadiável. A atuação do INCRA durante os governos militares preocupou-se mais com a colonização agrícola de áreas vazias do território nacional (como a Amazônia) do que com a redistribuição de terras, enquanto se incentivava também a ocupação do cerrado por grandes propriedades exportadoras (como a produção de soja, por exemplo). Em 1985, no início de redemocratização do país, o governo de José Sarney cria o Ministério da Reforma Agrária e a Constituição promulgada em 1988 contempla um Plano Nacional de Reforma Agrária, de responsabilidade do Estado. A desapropriação de terras improdutivas que não estejam cumprindo sua função social está sendo feita, assim como a redistribuição de terras.

O ritmo dessa reforma é contestado por alguns que a julgam lenta e tímida. Vale lembrar que existem interesses conflitantes nessa questão e, nem sempre os recursos suficientes para uma intensificação desse processo. Além disso, é importante frisar que uma Reforma Agrária não pode parar simplesmente no ato de redistribuição de terras, mas deve garantir condições mínimas para que o camponês pobre possa produzir: linhas especiais e subsidiadas de financiamento, treinamento e qualificação de mão-de-obra, estímulo à formação de cooperativas e criação de centros de apoio para armazenagem, transporte e comercialização da produção.

Ao mesmo tempo em que avança a execução do PNRA (ainda que não seja a Reforma Agrária desejada por alguns setores da sociedade) avança a moderna produção agroindustrial, consolidando-se no Centro-Sul do país e estendendo-se pelo Nordeste e Amazônia. Preocupada com o aumento da produtividade, com a melhoria da qualidade na produção agropecuária e com ganhos de competitividade busca expandir seus mercados externos e enfrenta a prática protecionista de muitos mercados como o europeu e o norte-americano.

Essa moderna agropecuária tem se preocupado com o uso progressivo de sementes selecionadas, rebanhos melhorados, informatização no campo, pesquisas agropecuárias, controle rigoroso do rebanho e até mesmo o polêmico cultivo de trasngênicos.

Principais produtos agrícolas

O Brasil apresenta atualmente uma produção agrícola muito diversificada. É grande produtor mundial de vários produtos. Observe o mapa com a produção agrícola e veja alguns destaques:

*milho – é o principal produto de nossa agricultura, de amplo consumo interno, não só pelas pessoas mas também utilizado como ração animal. É cultivado em simples roçados e também em grandes propriedades mecanizadas, com maior produção no Centro-Sul do país;

*soja – o maior produto agrícola de exportação do país. Foi o cultivo de maior expansão nas últimas décadas do século XX. Grande parte da produção é exportada no momento de entressafra para os países do hemisfério norte. O Brasil é um dos maiores produtores mundiais;

*café – o Brasil continua sendo o maior produtor e exportador mundial e procura atualmente melhorar a imagem de qualidade do café que produz e exporta para conquistar novos mercados mais seletivos. Minas Gerais é o maior produtor nacional. O problema de geadas em terras paulistas e paranaenses deslocou esse cultivo mais para o norte, invadindo o Centro-Oeste e até a Amazônia;

*cana – o Brasil também costuma aparecer como o maior produtor mundial e um grande exportador de açúcar. No entanto, a grande expansão da cana a partir de meados da década de 1970 se deveu a criação do Pró-álcool que levou a cana a ocupar grandes extensões no Estado de São Paulo, o maior produtor nacional;

*arroz – importante alimento para abastecer o mercado interno, muitas vezes com produção insuficiente para abastecê-lo, pode ser encontrado do sul ao norte do país. As áreas mais recentes de produção estão no Centro-Oeste e Amazônia. O Brasil chega a ser o maior produtor ocidental desse gênero agrícola;

*trigo – talvez o maior problema em nossa produção agrícola porque 2/3 do mercado interno continuam sendo abastecidos com o trigo importado da Argentina e EUA. Novas áreas de produção em climas mais quentes permitem um aumento da colheita do trigo no país, mas com uma produtividade menor e a um custo mais elevado;

*algodão – a produção é crescente para um mercado interno também em expansão, especialmente na indústria têxtil. O Centro-Oeste tem se tornado a principal área de cultivo, com destaque para o Mato Grosso;

*cacau – com dificuldades para manter posição de destaque no mercado externo, a principal área de produção é o sul da Bahia, na região de Ilhéus e Itabuna. Cultura afetada pela praga da vassoura-de-bruxa que levou produtores do cacau a partirem para outros empreendimentos;

*laranja – o Brasil disputa com os EUA a liderança mundial e é grande exportador, especialmente para o próprio mercado norte-americano. São Paulo é o líder da produção nacional;

*uva – destaca-se a área de produção das Serras Gaúchas, com destino para a produção de vinho. Estamos apresentando aumento no total colhido, bem como melhoria de qualidade, indispensável para vendas externas de vinho.

Além desses produtos podemos lembrar do feijão (MG-SP), importante alimento para o mercado interno, a mandioca, a banana (Vale do Ribeira) além da maior produção de frutas tropicais.

 
Principais rebanhos brasileiros

A pecuária brasileira começa a ser reconhecida como de boa qualidade.

Os investimentos que estão sendo progressivamente realizados para livrar o rebanho de doenças como a febre aftosa e o comprometimento de rebanhos na Europa (como o mal da vaca-louca) têm levado a ampliação de alguns e a conquista de novos mercados de exportação (analistas indicam que o Brasil deve se tornar o maior fornecedor internacional nos próximos dez a quinze anos). Os principais rebanhos brasileiros são os de bovinos, suínos, ovinos e caprinos. Observe o mapa com a distribuição geográfica dos principais rebanhos no Brasil:

*bovinos – na pecuária de corte destacam-se as regiões dos Pampas Gaúchos, oeste paulista e Triângulo Mineiro. Pecuaristas de outras áreas de criação preocupam-se em melhorar a qualidade de seu rebanho. Na pecuária leiteira podemos destacar Minas Gerais (várias áreas de criação, especialmente o sul do Estado), São Paulo (Vale do Paraíba, São João da Boa Vista, Araras, Mococa) e Rio de Janeiro (Vale do Paraíba e norte do Estado);

*suínos – apresenta significativos ganhos de qualidade e especialização (mais carne e menos gordura, melhor higienização nos locais de criação, cuidados veterinários, selecionamento dos animais) o que tem permitido a busca de um aumento nas exportações dessa carne;

*ovinos – o Brasil não tem destaque mundial. A maior parte do rebanho é encontrada no Rio Grande do Sul;

*caprinos – também sem grande destaque mundial é uma criação que está evoluindo qualitativamente. Boa parte do rebanho, rústico, pode ser encontrada na Região Nordeste.

Podemos também destacar o rebanho de eqüinos, especialmente em Minas Gerais e bubalinos (Ilha de Marajó, Pantanal e Vale do Ribeira). O Brasil parece apresentar condições favoráveis para a criação de búfalos e pode se tornar um grande criador mundial. O Brasil tem um dos maiores rebanhosasininos e muares e é um dos maiores criadores de aves no mundo.



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